sábado, 9 de junho de 2012

23º Capitulo - O amor não serve para nos pôr a chorar mas sim para sorrir



(Mia)

Clique, clique, clique. Era o som predominante na minha cabeça das últimas horas. O som que aparentemente nunca me iria cansar de ouvir estava a tornar-se verdadeiramente doloroso. Irónico, não é? Como é que um simples rapaz conseguia transformar uma das minhas maiores paixões num autêntico martírio? Como é que o Harry ainda tinha coragem, sequer, de olhar para mim depois do que fez? A vontade que tinha era de espetar com a camara na cara dele mas coitada da máquina, ela não tinha culpa nenhuma. Apesar de alguns incidentes por causa de algumas fãs mais intempestivas que pareciam que os queria levar para casa, tudo correu conforme o planeado pela segurança. Ainda tive tempo de mostrar algum do meu trabalho ao realizador do DVD quando os rapazes estavam prestes a terminar com sessão de autógrafos. Estava mesmo muito feliz por saber que o realizador estava maravilhado com o meu talento. Pelo menos recebia boas notícias naquele dia.

Depois dos rapazes estarem a “salvo” dentro do autocarro que os levaria de novo para o hotel pedi permissão ao Paul para ir dar um pulinho à praia. Ele ainda tentou arranjar alguma desculpa para não ir sozinha, sem seguranças, mas depois acabou por me deixar ir. Era tudo o que precisava naquele momento! Estar sozinha, sentir a areia nos pés, ouvir o barulho do mar e aquele cheiro a maresia. O carro deixou-me mesmo ao pé do paredão e o Paul fez-me relembrar que tinha que estar no hotel daqui a duas horas para ir ao concerto. Embora no inicio me sentisse um pouco intimidada ao lado do Paul, agora já me dava bastante bem com ele. Era como se fosse um segundo pai.

Encaminhei-me para praia. Como era dia de trabalho a praia estava relativamente vazia, o que era ainda melhor. Descalcei as minhas sandálias e entrei praia a dentro. Adorava sentir as cócegas que a areia proporcionava nos pés. Dei uma leve corrida até perto da areia molhada e sentei-me. O mar transmitia-me calma, serenidade, paz. Tudo o que precisava para ver se acabava com o reboliço em que se encontrava meu coração.

Odeio-te tanto; ainda bem, o sentimento é reciproco… Aquelas frases não me saiam da cabeça. Ecoavam fortemente provocando uma dor de cabeça do tamanho do Mundo. Não me deixava de perguntar o porquê. O que tinha mudado, o que tinha feito para ele ter mudado tão repentinamente. Estava tudo, aparentemente, bem mas afinal, estava tudo pessimamente mal. Fechei os olhos e deixei o meu corpo cair na areia. O que poderia fazer para tirar aquele maldito aperto do coração? Aquela sensação de vazio, que nos faz sentir incompletos nunca mais saía. Sentia-o desde que tinha vindo para São Francisco e nem com a presença do Harry fazia melhorar, bem pelo contrário, tornava-a ainda mais presente. Chegando ao ponto de ser sufocante, torturadora, tornando-me para o lá de insignificante. Levantei-me de novo quando ouvi o meu nome. Olhei em frente e vi um amigo meu da minha antiga turma a sair do mar juntamente com a sua prancha de surf. Ele enfiou a prancha na areia e pediu-me para tomar conta dela por uns minutos que já vinha para conversar comigo. Apenas assenti afirmativamente com a cabeça embora não tivesse com muita disposição para falar.

Acabei por retirar os fones da minha mala juntamente com o meu telemóvel e a máquina fotográfica. Algumas fotografias conseguiam por um sorriso tímido na minha cara, aquelas em que o Harry estava a abraçar uma fã pequenina. Era aquele lado mais sensível, querido dele que arrebatava a minha existência. Eram aquelas atitudes que me faziam ter um enorme orgulho nele. Porque é que já não o posso ter comigo? Era só mais uma das minhas perguntas sem resposta. Como estava algo embrenhada nos meus pensamentos mais profundos nem dei pela presença de alguém a chegar-se junto a mim. Só quando me tocou no ombro é que despertei para a realidade. Era o Louis.

- Estava a perguntar se agora também te dedicavas ao surf!como é que ele sabia que estava aqui? Foi a primeira coisa que pensei. Devia estar com uma cara um pouco confusa o que o fez continuar – só sou eu! Prometo se caíres da prancha, eu não me riu! – só quando olhei de novo para a minha direita é que me lembrei que tinha a prancha do meu amigo. Ri-me da minha própria estupidez.

- Eu não faço surf! – respondi sinceramente ainda a rir-me – é de um amigo meu. Eu sou um autêntico desastre em cima desta tábua. – informei-o enquanto me recordava das minhas centenas de tentativas falhadas em tentar equilibrar-me em cima daquele coisa.

- Pensei que sim já que tens uma mesmo ao teu lado. – disse enquanto se sentava ao meu lado –  E assim tinha a desculpa ideal para passar mais tempo contigo, ia aprender surf contigo. – ele falou num tom algo atabalhoado e incrivelmente rápido. Fiquei estática. O silêncio fez-se ouvir. Não sabia o que dizer. Ficamos algum tempo assim, em silêncio, apenas olhando para a imensidão do mar. Tentei pensar em várias coisas mas nada me ocorria. Estava em branco. – queria falar contigo sobre uma coisa. – disse quebrando o silencio que se tinha instalado entre nós. Estava aterrorizada, ainda não tinha tido tempo suficiente para pensar sobre o facto de saber que ele gostava de mim. Acabei por não dizer nada e simplesmente esperar que ele continuasse a falar – é sobre ontem á noite… - começou algo intermitente – sinceramente não me lembro de nada a partir de uma certa altura. O Harry disse-me que eu tinha feito qualquer coisa mas depois não se descoseu. E agora fiquei curioso. Sabes o que se passou? – passou-me mil e uma desculpas para lhe contar sobre aquela noite e em que nenhuma delas mencionava que ele se tinha declarado a mim. Mas também sabia que essas desculpas só adiavam o problema, não o solucionavam e para isso o resolver precisava de ser sincera com ele.

- Bem… - não sabia como lhe dizer que já sabia que ele gostava de mim. Era uma situação deveras constrangedora – o que fizeste foi comigo… - naquele momento consegui toda a atenção por parte dele. As faces dele ficaram um pouco mais coradas do que é habitual, talvez por já adivinhar o que tinha dito – sinceramente não estava á espera. Deixaste-me, digamos, sem reação, completamente pregada ao chão. – proferi sinceramente – Lou, disseste que gostavas de mim. Que querias namorar comigo! – o meu coração começou a bater mais fortemente e de forma desfragmentada. As minhas mãos tremiam involuntariamente e o sangue aflorava nas minhas maças do rosto.  

Não tinha coragem de olhar para ele. Apenas o vi levantar-se e ir para junto da água. Ainda iniciei o movimento para me levantar e ir ter com ele mas algo me fez mudar de ideias e voltei a sentar-me na areia. Estava confusa. O Harry…o Harry podia ser o único rapaz capaz de me pôr aquele sorriso estupido na cara, que punha o meu mundo de cabeças para o ar, não precisava de palavras para que ele compreendesse o que sentia. Mas também era por ele que chorava, sem ele, parte de mim não faz sentido. Por mais que me pudesse custar, por mais que desejasse arduamente que tudo não passasse de um pesadelo, o Harry tinha sido bem explícito em relação ao que sentia por mim. Eu era passado e já não havia nada a fazer. O amor não serve para nos pôr a chorar mas sim para nos fazer sorrir a toda a hora. E se o Harry, neste momento, põe-me a chorar mais do que a rir é porque, definitivamente, não devemos estar juntos.   

- Desculpa… - a voz do Louis rompeu os meus pensamentos. Tinha-o á minha frente, de joelhos. Estremeci por ver a sua face entristecida. Não gostava de o ver assim – não era isto que queria…

- Porque é que me estás a pedir desculpa? – não estava a perceber o porquê de ele me pedir desculpa – Gostar de alguém não é crime… - prossegui calmamente mas ele continuava bastante inseguro e não lá muito feliz

- Eu não queria…eu não queria que soubesses daquela maneira, não estando no meu estado normal. – ele tinha desviado o olhar para a areia. Nem sei como tive coragem mas fiz com que ele olhasse de novo para mim.

- Não faz mal, Louis. – ao mesmo tempo que voltava a ter o olhar dele na linha do meu – A sério… - concluí deixando fugir um sorriso verdadeiro  

- Eu não quero perder a tua amizade… - foi aí que percebi o quanto ele gostava de mim. A sua principal preocupação não era saber se o sentimento era reciproco, ele partia do suposto que não era correspondido e que o mais importante era não me perder como amiga.

- Que ideia mais disparatada é essa? É claro que não me vais perder… - respondi rapidamente para o tranquilizar

- Pensei que depois de saberes o que sinto por ti pudesses querer afastar-te de mim já que não sentimos o mesmo…

- Por acaso já me perguntaste o que pensava do assunto? – respondi-lhe com um sorriso – Que eu saiba não.

- Mas eu já sei a resposta… - disse tentando esconder a tristeza que tinha

- Estaria a mentir se dissesse que o teu sorriso não mexe comigo – a expressão dele mudou por completo e aquele sorriso maravilhoso formou-se nos seus lábios – esse sorriso, Lou. – desviei o olhar quando senti novamente as minhas faces aquecerem e focalizei-me na areia branca. A mão dele tocou na minha que estava a brincar com a areia para ver se deixava de estar tão nervosa.

- Mas… há sempre um mas… - proferiu algo intermitente

- Não há um mas, Lou. – comecei, olhando-o nos olhos – Se eu te dissesse que estou certa do que sinto, é mentira. Não me quero precipitar. Achas que dá para ir com calma…sem compromissos? Conhecermo-nos melhor e depois vemos o que acontece…

- Claro que percebo. Só me interessa que estejas bem. No que depender de mim iremos com toda a calma possível, prometo.

- Obrigada, Lou! Nem sabes o quanto isso significa para mim… - ele chegou-se mais junto a mim abraçando-me. Soube-me muito bem, era reconfortante, fazia-me esquecer tudo.     

O meu amigo voltou para falar comigo mas quando me viu acompanhada disse logo que não era importante e apressou-se a dizer que depois ligava a saber novidades. Depois de mais alguma conversa, olhei para o telemóvel e já estava na hora de ir embora.

Ele colocou o braço dele por cima dos meus ombros aconchegando-me para ele. Soltei um sorriso tímido e encaminhamo-nos para o hotel a pé juntamente com o segurança que o Louis tinha trazido com ele. Quando chegamos ao hotel o Paul já andava a reunir os rapazes para irem embora. E para mal dos meus pecados ele pediu-nos para ir chamar o Harry e o Liam que estavam na piscina. Respirei fundo. Tinha que ser forte e mostrar-lhe que não vou lamentar-me para o resto da vida. Foi o Louis que interrompeu a conversa que eles estavam a ter assim que chegamos. Tinha muita raiva dentro de mim. De olhar para o Harry em tronco nú, apenas de calções, e continuar a ter os joelhos a tremerem. De ter aquela sensação que a uns anos atrás me punha um sorriso estupidamente apaixonado na cara e agora dava-me uma vontade de chorar. Fechei os olhos momentaneamente e fui-me embora seguida pelo Louis e por eles. Aquele seria o último concerto e depois voltaríamos para Londres. Estava mesmo a precisar da minha Nicole.  




Mais um capitulo! Acho que estava inspirada quando escrevi este capitulo :P
Muito obrigada pelos comentários. É muito bom saber que estão a gostar o que me faz ter ainda mais vontade para escrever! Muito obrigada!
Espero, sinceramente que gostem! 
Deixem os vossos comentários =)

Dri

4 comentários:

  1. oh está lindoo... espero q ela se entenda com o Harry mas sem fazer o Lou sofrer... continua bjnhs lindaa

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  2. Gostei mesmo muitooo ;)
    O capítulo está lindo .
    E mal posso esperar pelo outro x)
    Beijinhos *.*

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  3. Oh meu Deus está tão bonito minha querida.
    Cada vez que leio os teus capítulos fico com tanta vontade de escrever, nem imaginas. Ainda por cima, transmites todos os sentimentos presentes em cada palavra de uma maneira inexplicável ...
    Espero que ela e o Harry não sofram muito mais, faz-lhes mal mas compreendo. O amor é contraditório.
    Louis, o Louis é um fofo!
    Adoro minha querida.
    Beijinhos*

    Se conseguisses por outro hoje, era extremamente importante para mim. Hoje, apenas o teu capítulo me colocou um sorriso na cara.

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  4. o Capitulo esta lindo como sempre. Acho que devia aparecer uma rapariga que se apaixonasse pelo Louis e que o fizesse questionar sobre os seus sentimentos pela Mia. Assim se o Harry e a Mia ficassem juntos ele não sofreria tanto. Só mais uma coisa, como o Louis ainda não sabe da historia da Mia e do Harry podias meter um capitulo em que a Mia e o Harry se beijassem e o Louis visse e depois ele ficaria a saber de toda a historia. Continua assim,escreves lindamente.

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